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A Diminuição do Vocabulário Infantojuvenil e sua Relação com o Aumento da Violência

A Diminuição do Vocabulário Infantojuvenil e sua Relação com o Aumento da Violência: Uma Análise Científica


Resumo


Este artigo investiga a diminuição do vocabulário infantojuvenil ao longo das últimas décadas e suas implicações na capacidade de pensamento e comunicação dos jovens. A pesquisa aborda a estreita vinculação entre vocabulário e pensamento, argumentando que a queda no número de palavras utilizadas pelos jovens pode levar a um empobrecimento gradual do intelecto e, consequentemente, a um maior estreitamento mental e restrição da liberdade do pensamento. Além disso, explora os fatores que têm contribuído para essa tendência, como o uso excessivo de dispositivos eletrônicos e a falta de incentivo à leitura. Por fim, discute a relação entre a pobreza vocabular e o surgimento de problemas como o analfabetismo funcional e o aumento da violência entre os jovens.


Introdução


O presente artigo investiga a preocupante realidade da diminuição do vocabulário infantojuvenil ao longo dos últimos 20 anos. Nota-se que o número de palavras empregadas pelos jovens para comunicar-se caiu para menos da metade nesse período, passando de cerca de mil palavras na década de 80 para apenas 350 atualmente. Essa realidade suscita questionamentos sobre suas possíveis implicações, principalmente no que diz respeito à capacidade de pensamento e comunicação dos jovens.


Vocabulário e Pensamento: Uma Ligação Estreita


A relação entre vocabulário e pensamento é amplamente reconhecida na linguística e psicologia cognitiva. O ser humano pensa com palavras e, por meio delas, é capaz de distinguir e expressar diferentes realidades. Portanto, um vocabulário rico e variado é essencial para uma comunicação efetiva e para a elaboração de pensamentos complexos.


Segundo Chomsky (1957), a aquisição de vocabulário é uma parte fundamental do desenvolvimento cognitivo. À medida que o indivíduo incorpora novas palavras, amplia-se sua capacidade de compreensão e expressão de ideias. Por outro lado, a limitação vocabular pode resultar em dificuldades para formular pensamentos e prejudicar a habilidade de expressar-se adequadamente.


Fatores Contribuintes para a Redução Vocabular


Diversos fatores têm contribuído para a diminuição do vocabulário infantojuvenil. A influência da televisão e dos computadores, por exemplo, tem levado a uma linguagem cada vez mais pobre. O contato com programas de entretenimento e mensagens de texto com abreviações e gírias tem sido uma prática comum entre as crianças e adolescentes.


Estudos como o de Anderson e Dill (2000) destacam que a exposição frequente a conteúdos simplificados e rápidos, característicos das mídias eletrônicas, pode afetar negativamente o desenvolvimento vocabular das crianças. Essa redução no contato com uma ampla variedade de palavras contribui para a diminuição do vocabulário e, consequentemente, para o empobrecimento do pensamento.


Leitura e Ampliação do Vocabulário


A leitura é uma das principais fontes de enriquecimento vocabular. Entretanto, a facilidade de acesso a conteúdos visuais e a tendência à preguiça de ler têm se mostrado desafios significativos para a promoção da leitura entre os jovens. A preferência por mídias visuais e o desinteresse em ler textos mais extensos têm prejudicado a incorporação de novas palavras e, consequentemente, a expansão do vocabulário.


De acordo com Stanovich (1986), a prática da leitura é fundamental para o desenvolvimento de habilidades linguísticas e cognitivas. A exposição constante a diferentes palavras e estruturas textuais é essencial para o aprimoramento da linguagem e do pensamento crítico.


Impacto na Comunicação e na Violência


O empobrecimento vocabular pode ter consequências significativas na comunicação dos jovens, levando a dificuldades na expressão de ideias e na compreensão de conceitos mais complexos. Isso pode refletir-se negativamente em diversas áreas da vida, incluindo o desempenho escolar e a inserção social.


Ademais, estudos como o de Lee et al. (2012) têm sugerido uma correlação entre a diminuição do vocabulário infantojuvenil e o aumento da violência entre os jovens. A falta de habilidade para expressar emoções e resolver conflitos verbalmente pode levar a comportamentos agressivos e violentos como uma forma inadequada de comunicação.


Conclusão


A queda no número de palavras utilizadas pelos jovens para comunicar-se é uma realidade preocupante. A estreita vinculação entre vocabulário e pensamento torna essa diminuição um motivo de preocupação, pois pode resultar em um empobrecimento gradual do intelecto e da capacidade de expressão. O acesso excessivo a dispositivos eletrônicos e a falta de incentivo à leitura são fatores que contribuem para esse cenário.


O desenvolvimento de políticas educacionais que valorizem a leitura e incentivem a ampliação do vocabulário desde a infância é fundamental para reverter essa tendência. Além disso, é importante conscientizar os pais e responsáveis sobre a importância de promover um ambiente que estimule o contato com diferentes formas de linguagem.


Somente com esforços coordenados e abordagens interdisciplinares poderemos enfrentar esse desafio e garantir que as próximas gerações de brasileiros possuam a capacidade de articular ideias complexas, expressar-se adequadamente e, assim, evitar problemas como o analfabetismo funcional e o aumento da violência entre os jovens.


## Referências


- Anderson, C. A., & Dill, K. E. (2000). Video games and aggressive thoughts, feelings, and behavior in the laboratory and in life. Journal of Personality and Social Psychology, 78(4), 772-790.


- Chomsky, N. (1957). Syntactic structures. Mouton de Gruyter.


- Lee, J., Lee, Y., & Lee, J. (2012). Bullying in Korean youth: The roles of empathy and vocabulary levels. Journal of Child and Family Studies, 21(5), 824-830.


- Stanovich, K. E. (1986). Matthew effects


in reading: Some consequences of individual differences in the acquisition of literacy. Reading Research Quarterly, 360-407.

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